quarta-feira, 20 de abril de 2011

A história do lápis (por Paulo Coelho)





O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:

- Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história que aconteceu comigo?

A avó parou a carta, sorriu e comentou com o neto:

- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mas importante do que as palavras é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele quando crescesse.

O menino olhou para o lápis, intrigado, não viu nada de especial.

- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em toda a minha vida.

- Tudo depende do modo que você olha as coisas. Há cinco qualidade nele, que se você mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.

- Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Essa Mão, nós chamamos de DEUS, e Ele deve sempre conduzí-lo em direção a Sua vontade.

- Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas lhe farão ser uma pessoa melhor.

- Terceira qualidade: o lápis nos permite usar uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça.

- Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.

- Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo o que você fizer na vida irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação.





quarta-feira, 13 de abril de 2011

Bullying


Bullying é um termo da língua inglesa (bully = ''valentão'') que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter possibilidade ou capacidade para se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de força e poder.

O bullying se divide em duas categorias:

a) bullying direto: que é a forma mais comum entre os agressores masculinos;

b) bullying indireto: que é a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento da vítima.

Em geral, a vítima teme o agressor em razão das ameaças, ou mesmo a concretização da violência, física e sexual, ou a perda dos meios de subsistência.

O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto nos qual as pessoas interajam, tais como: faculdade, escola, família, podendo ocorrer também em local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de que as escolas não admitem a ocorrência de bullying entre seus alunos, desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença e/ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.

As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as próximas vítimas do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.

As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suícidio.

Os atos de bullying ferem principios constitucionais - respeito à dignidade da pessoa humana.

INSTRUA: a menina que você chama de gorda, passa dias sem comer para perder peso. O menino que você chama de burro, quem sabe tenha problema de aprendizagem? A menina que você acabou de chamar de feia, passa horas se arrumando para que pessoas como você a aceite. O menino que você provoca e goza na escola, pode sofrer maus tratos em casa e você só está contribuindo para destruir ainda mais sua auto-estima. Vamos combater o bullying!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Oração do perdão - O Aleph (Paulo Coelho)


''- Lembre-se do Aleph. Lembre-se do que sentiu naquele momento. Palavras, explicações e perguntas não vão servir para nada, apenas para confundir mais o que é já é bastante complexo. Simplesmente me perdoe.


- Não sei porque preciso perdoar o homem que amo.

Hilal procura inspirações na parede dourada, nas colunas, nas pessoas que estão entrando aquela hora da manhã, nas chamas das velas acesas.


- A menina perdoa. Não porque virou santa, mas porque já não aguenta mais carregar este ódio. Odiar cansa.


Não, não era aquilo que eu esperava.


- Perdoe tudo e todos, mas me perdoe - peço. Inclua-me no seu perdão.


- Eu perdoo tudo e todos, inclusive você. Perdoo porque eu amo você e porque você não me ama. Perdoo porque você me rejeita e o meu poder se perde.


Ela fecha os olhos e levanta as mãos para o teto.


- Eu me liberto do ódio por meio do perdão e do amor. Entendo que o sofrimento, quando não pode ser evitado, está aqui para me fazer avançar em direção a glória.


Hilal fala baixo, mas a acústica da igreja é tão perfeita que tudo p que diz parece ecoar pelos quatro cantos. Ela está em transe mediúnico.


- As lágrimas que me fizeram verter, eu perdoo.

As dores e as decpções, eu perdoo.

As traições e mentiras, eu perdoo.

As calúnias e as intrigas, eu perdoo.

O ódio e a perseguição, eu perdoo.

Os golpes que me feriram, eu perdoo.

Os sonhos destruídos, eu perdoo.

As esperanças mortas, eu perdoo.

O desamor e o ciúme, eu perdoo.

A indiferença e má vontade, eu perdoo.

A injustiça em nome da justiça, eu perdoo.

A cólera e os maus-tratos, eu perdoo.

A negligência e o esquecimento, eu perdoo.

O mundo, com todo o seu mal, eu perdoo.


Ela abaixa os braços, abre os olhos e coloca as mãos no rosto. Eu me aproximo para abraçá-la, mas ela faz um sinal com as mãos.


- Não terminei ainda.


Torna a fechar os olhos e olhar para cima.


- Eu perdoo também a mim mesma. Que os infortúnios do passado não sejam mais um peso em meu coração. No lugar da mágoa e do ressentimento, coloco a compreensão e o entendimento. No lugar da revolta, coloco a música que sai do meu violino. No lugar da dor, coloco o esquecimento. No lugar da Vingança, coloco a vitória.

Serei naturalmente capaz de amar acima de todo desamor,

Do doar mesmo despossuída de tudo,

De trabalhar alegremente mesmo que em meio a todos os impedimentos,

De estender a mão ainda que em mais completa solidão e abandono,

De secar lágrimas mesmo que aos prantos,

De acreditar mesmo desacreditada.


Ela abre os olhos, coloca as mãos na minha cabeça e diz com toda a autoridade que vem do Alto:


- Assim seja. Assim será.''