Todos os amantes, de qualquer sexo, ficam alertados que o amor, além de ser uma benção, é algo extremamente perigoso, imprevisivel, capaz de acarretar danos sérios.
Consequentemente, quem se propõe a amar, deve saber que está expondo seu corpo e sua alma a vários tipos de ferimentos, e não poderá culpar seu parceiro em nenhum momento, já que o risco é o mesmo para ambos.
Uma vez sendo atingido por uma flecha perdida do arco de um Cupido, deve em seguida solicitar ao arqueiro que atire a mesma flecha na direção contrária, de modo a não se submeter ao ferimento conhecido como: amor não correspondido.
Caso o Cupido recuse tal gesto, a Convenção ora sendo promulgada exige do ferido que imediatamente retire a flecha do seu coração e a jogue no lixo.
Para conseguir tal feito, deve evitar telefonemas, mensagem por internet, remessa de flores que terminam sendo devolvidas, ou todo e qualquer meio de sedução, já que os mesmos podem dar resultado a curto prazo, mas sempre terminam dando errado com o passar do tempo.
A Convenção decreta que o ferido deve imediatamente procurar a companhia de outras pessoas, tentando controlar o pensamento obsessivo ''vale a pena lutar por esta pessoa.''
Caso o ferimento venha de terceiros, ou seja, o ser amado interessou-se por alguém que não estava no roteiro previamente estabelecido, fica expressamente proibido a vingança.
Neste caso, é permitido o uso de lágrimas até que os olhos sequem, alguns socos na parede ou no travesseiro, conversa com amigos onde pode-se insultar o antigo (a) companheiro (a), alegar sua completa falta de gosto, mas sem difamar sua honra.
A Convenção determina que deva procurar a companhia de outras pessoas, preferivelmente em lugares diferentes dos frequentados pela outra parte.
Em ferimentos leves, aqui classificados como pequenas traições, paixões fulminantes que não duram muito, desinteresse sexual passageiro, deve-se aplicar com generosidade e rapidez o medicamento chamado PERDÃO.
Uma vez este medicamento aplicado, não se deve voltar atrás uma só vez, e o tema precisa estar completamente esquecido, jamais sendo utilizado como argumento em uma briga ou em um momento de ódio.
Em todos os ferimentos definitivos, também chamados RUPTURAS, o único medicamento capaz de fazer efeito chama-se TEMPO.
Não adiante procurar consolo em cartomantes (que sempre dizem que o amor perdido irá voltar), livros românticos (cujo final é sempre feliz), novelas de TV ou coisas do gênero.
Deve-se sofrer com intensidade, evitando-se por completo drogas, calmantes, orações para santos.
Álcool só é tolerado em um máximo de dois copos de vinho por dia.
Os feridos por amor, ao contrário dos conflitos armados, não são vítimas e nem algozes. Escolheram algo que faz parte da vida, e assim, devem encarar a agonia ou o êxtase de sua escolha.
E os que jamais foram feridos por amor, não poderão nunca dizer: VIVI. Porque nunca viveram.
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